domingo, 27 de setembro de 2009

Sobre o Seu Grande Amor

rpupa-de-baixo

Mais um texto meu sobre o tema, talvez, e somente talvez, o motivo pelo qual eu fale tanto sobre as questões afetivas entre as pessoas seja o fato de que a questão afetiva é algo mal desenvolvido em mim. As pessoas ficam tristes quando não são correspondidas pelos objetos do seu desejo, isso todos sabem, mas qual é a real necessidade que faz com que se fique triste por não se ter (tendo aqui “ter” o sentido mais possessivo possível) a pessoa na qual você deposita as esperanças de que irá melhorar a sua vida e suprir a sua carência?

Vamos pensar sobre a pessoa que você hipoteticamente ama, ela é alguém potencialmente exatatamente igual a você, qual mecanismo então faz com que “estar” com aquela pessoa seja melhor do que estar com você mesmo? São tantas as necessidades artificiais que foram impostas a nós durante o desenvolvimento das sociedades que nós já não refletimos se toda a angústia que é sentida tem real fundamento. Todos os seres imersos nesse sistema de necessidades artificias procuram um par, o que tem que ser analisado aqui é que a necessidade de se ter alguém vem da mesma fonte de precisar usar tal marca de roupa pra ser reconhecido, de se ter tal atitudes pra ser aprovado, de se sofrer pelo que se quer….

Esse último é algo bem difundido na cultura ocidental, a glória só se é alcançada através da dor, mas será que é assim mesmo que funciona? Tudo no sistema em que nós vivemos aponta a isso: começa-se de baixo para atingir o topo, aplicando isso na questão afetiva nós partimos do fato de que precisamos de alguém e de que nunca poderemos atingir a completa felicidade sem alguém para compartilhar a vida para então ir a procura da pessoa que possa suprir todas as nossas necessidades. Isso não funciona na prática.

Ninguém irá suprir todas as necessidades de alguém, pois além de ser uma pessoa potencialmente igual ao seu par, ela também terá as suas próprias necessidades. Deve-se repensar essa necessidade de ter alguém, há de se analisar a fundo os motivos que te movem a buscar outra pessoa, talvez seja algo muito diferente do que você mesmo acredita.

Após toda uma reflexão sobre o tema e tendo consciência de que o ser humano é biologicamente um ser sociável, deve o encontro de duas pessoas se tornar um relacionamento pelo desejo de se estar junto e não pela necessidade.

sábado, 19 de setembro de 2009

Algo Sobre Conhecer

Conhecer

O que seria conhecer? Temos um habito de dizer que conhecemos as pessoas, mas se forem nos perguntar o que sabemos de uma dessas pessoas talvez só saberiamos responder o primeiro nome dela. Sempre queremos saber o máximo de algo que nos interessa, mesmo que esse interesse seja movido pelo motivo mais fútil possível, diriam que é nato ao ser humano a busca pelo conhecimento. Às vezes o conhecimento que adquirimos é totalmente inútil a nossa vida prática, mas gostamos de tê-lo como se pudesse ser usado de suporte em determinadas situações. Mas muito do conhecimento que temos é parcial, principalmente o conhecimento que temos sobre o outro, e completamos o que falta com as nossas próprias idealizações e concepções internas.

A empatia se dá através do conhecimento de uma pessoa, não há como julgarmos as necessidades e vontades de alguém sem realmente saber o que é ser esse alguém. Porém, às vezes, nem as nossas próprias necessidades e vontades nós conhecemos, não paramos para nos auto-analisarmos e vermos quem realmente somos e acaba que em face a tantas coisas que passam sem conhecermos, acabamos nós mesmos fazendo parte delas.

A causa de tudo isso é a pressa e a ansiedade que nos é imposta, onde tudo tem que ser prático e funcional, perdemos assim a calma necessária para poder conhecer o outro sem já formular as possíveis utilidades daquela pessoa em nossas vidas. Ao invés de julgarmos antecipadamente, devemos ter a cautela e a paciência de entender o que cada um tem a dizer e aí então partimos para uma análise nossa.

domingo, 13 de setembro de 2009

Eu Vou Te Destruir

shiva

A destruição é a chave para a mudança, temos que apagar conceitos antigos para criar novos. Mas aqui também podemos trazer a idéia da negação da negação, ou seja, você era algo, não é mais, mas não pode negar que foi mesmo que não mais o seja. Há uma idéia subjacente de que destruição está vinculado a algo ruim, isso porque é incentivado ha milênios nas sociedades antigas até hoje a destruição agressiva, movida pela pulsão de Thanatos, onde se destrói o que é do outro apenas como resultado de conflitos, mas a destruição pode ser o resultado de reflexão e é dessa que eu vou falar.

Temos milhares de conceitos impregnados em nós, é a nossa couraça que usamos para sobreviver em um mundo onde tudo e todos representam perigo. Não nos abrimos com medo do que o outro irá pensar de nós e o outro faz exatamente o mesmo, nos reprimimos então, essa cultura de repressão das sensações é a causa de tantos problemas e tantas doenças mentais.

Não percebemos que quanto mais nos protegemos mais incentivamos que os outros se afastem e se protejam de nós, esse é um ciclo vicioso em que criamos muros ideológicos, muros com canhões que atacam outras ideologias. Ainda não se é possível aceitar que existe idéias contrárias e apenas se conviver com isso, atacamos os diferentes e ninguém, absolutamente ninguém, está livre disso, por mais vitimizada que essa pessoa se sinta pela sociedade, mesmo que ela sofra as maiores discriminações, ela ainda assim discrimina, o método de defesa é o ataque.

Nas bases do código de Hamurabi construimos uma coisa medonha que adquiriu a capacidade de sempre encontrar a sua homeostase, esse ciclo que se alto regula para que não deixa de existir, que tem como sua essência o medo. Quantas coisas já criamos e cultivamos pelo medo?

Refletir, nos questionar, não nos levará necessariamente a verdade, nem a respostas, mas irá fazer com que passamos a aceitar como somos e como os outros são e passaremos então a estabelecer um ciclo harmonioso. Isso não está perto de acontecer, com toda a massificação que existe em nossas sociedades, mas passemos a destruir aos poucos o que há de medo em nós e criemos então a confiança e esperança nos nossos semelhantes.

sábado, 5 de setembro de 2009

Ensaio Sobre Você

empatia

Eu vou falar sobre você, eu vou falar para você e você pode se indagar: “quem é você para falar de mim?”. Eu sou você, porém diferente, eu senti como você, eu vi como você, apenas talvez só não tenha entendido como você. Desse modo o que eu vou discursar não pretende ser justo nem verdadeiro, é apenas um fragmento do todo.

Você sente todas as dores e angustias do mundo como se isso só te acometesse, porém pensa, quando otimista, que existem outros em pior situação. Que otimismo o seu, é necessário que existam outros em pior situação para que você se sinta bem com o que tem. E sobre ter, você tem, nunca parecesse ser o suficiente, mas tem e o que tem não é bom, nunca é bom.

Essa ansiedade básica que está presente no fluxo vital do seu meio é o que te move, a inquietude se tornou para ti algo natural, o descanso e o prazer natural são males de ociosos e perversos. Críticas, criticas intensamente tudo o que não te convém, sempre está em guerra com o diferente, sendo muitas vezes o remédio para a existência da difrença a indiferença, quando essa não funciona, pois chega a tal ponto que você realmente tem que conviver com o diferente, lembras então da sua raiz animal e se torna agressivo.

Acreditas no amor como quem acredita que irá continuar a viver a dois minutos da morte. Sempre o busca intensamente, mas nunca na verdade, busca o amor dentro dos seus sentimentos egoistas e o amor não existe no egoismo. Sentes sempre a falta, a falta que te consome, ela sempre existe desde que você aprende que você é igual a eles, eles que te fizeram tal como é.

Queres também ser feliz, isso é o que mais queres. Não te disseram que não se é e apenas se está? Não viva então o amanhã hoje, sem na verdade nunca viver nem amanhã, nem hoje.

Não vejo só o mal em ti, porem é dele que gosto de alertar-te para que não esqueças que ele existe e que o naturalize como se fosse seu. O mal não é seu, ele foi construido em você.